Olha só...
Olha só para a nossa rua.
A Minhotinha foi-se.
A tabacaria da Mª do Céu está vazia e para alugar.
O Cochicho vai pelo mesmo caminho...
O Centro Comercial parece (ainda mais) uma daquelas cidades abandonadas no Faroeste, só falta a bola de palha a passar e as portas do Saloon a ranger.
Está tudo tão diferente.
Olha para mim! Sentada no teu lugar. Em todos os teus lugares. É ridículo. E eu não sei ser como tu. Não sei! Não sei escolher o que vai ser o jantar, não sei manter a casa e não tenho grande jeito para a condução! (É verdade, finalmente...Mas eu também sempre fui a mais descoordenada das 3!) Não tenho a tua serenidade nem a tua sensatez. Estou sempre no limite. De alguma coisa. Da euforia. Da depressão. Da apatia.
E está tudo a mudar demais. E para variar, maldita a hora em que nasci sob o signo da indecisão, não sei para que lado me virar!
E não há racionalidade que me impeça de sentir uma espécie de conforto quando te imagino novamente a peguilhar com o Avô Luís ou a tomar café com o Avô Rui... O mesmo conforto que sinto quanto penso num reencontro entre o Avô e o tio Álvaro, entre ti e os teus padrinhos... Tantas saudades de tanta gente!
Pode ser o maior disparate pegado, mas até eu sinto alguma inveja, também eu gostava de estar aí. Algures, "noutra dimensão". Ou talvez só na minha imaginação.
Eu vi as lágrimas que te encheram os olhos quando viste a nossa Luísa do Pinto a chegar. Mas sei que a recebeste de braços abertos.
Mas isto está a ficar demasiado difuso. Estou à chapada com a minha racionalidade. O certo é que tu não estás aqui e eu não gosto disso! Tenho tantas saudades tuas! E tenho tanto medo de não conseguir ser como tu, apesar de tanta gente agora me dizer que sou tão parecida contigo...
Começou no dia em que acordei com isto.
E ainda não acabou.