Vai-te, poesia!
Deixa-me ver friamente
a realidade nua
sem ninfas de iludir
ou violinos de lua.
Vai-te, poesia!
Não transformes o mundo
descarnado e terrível
num céu de esquecer
com mendigos de nuvens
famintos de estrelas
e ferias a cheirarem a cravos
- enquanto os outros, os de carne verdadeira,´
uivam em vão
a sua fome de cadelas
e de pão.
Vai-te, poesia!
Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste plantea feito de carne humana a chorar
onde um anjo me arrasta todas as noite para casa pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olho,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.
Vai-te , poesia!
Não quero cantar,
Quero gritar!
Vai-te, poesia! de José Gomes Ferreira
Vivam as aulas de Português!
Muito obrigada por poesias tão moldadas a mim!
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