segunda-feira, 30 de maio de 2011

28/5

Olá Avô, cheguei... ("Ora viva quem é uma flor..", ainda não me esqueci)
Está bom tempo! A piscina está um bocado verde, mas não faz mal, nunca fez.

Estou descalça. (Nem podia ser de outra maneira...)
E as pedras picam-me os pés como sempre, e como não podia deixar de ser.

E agora chove. Mas a sério. E troveja!
Cheira a terra molhada... Como quando a Mariana estava de braços abertos no meio do terreiro.

Está tudo no sítio.

sábado, 7 de maio de 2011

O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»



Mensagem
Fernando Pessoa

Finland, meet Portugal


O que nós já fomos não é o que somos agora, claro. Nem adianta de muito ficarmos agarrados ao passado. Mas achei que valia a pena partilhar. Talvez ganhemos vergonha daquilo em que nos tornámos, talvez nos inspiremos para ser melhores, talvez...