domingo, 6 de julho de 2014

Mesmo sabendo



Mesmo sabendo que se calhar não eram os nossos preferidos, levaste-nos a ver os Cabeça no Ar.
Mesmo sabendo que as tuas filhas pré-adolescentes iam olhar de lado e dizer "Oh Mãe! Pára! Senta-te!" e pensar (sem dizer) "que vergonha", levantaste-te para cantar tudo o que sabias e para saltar tanto quanto podias.
Mas foi exactamente por saberes exactamente as filhas que tens que tudo correu assim.

Hoje ouço isto e olho para trás. Vejo a tua cara, vejo-te de pé, olhos fechados, braços abertos para o alto a cantar e nós, lentamente, a rendermo-nos à música e a juntarmo-nos a ti, à tua loucura e felicidade.

Hoje ouço esta música e relembro aquela noite de música maluca sempre a subir, no Rivoli.

Hoje descubro que esta é daquelas memórias que fazem com que tudo cá dentro se aperte de uma forma incontrolável e incontornável. Das que me marejam os olhos e me embargam a voz. O que só pode querer dizer que é das boas.

E se na altura não o fiz (o que é altamente improvável porque fui muito bem educada!) fica agora aqui o meu grito para o vazio - obrigada.