sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

eu sei que vai ser sempre assim




um beijo para cada uma
com muito amor e saudade

domingo, 4 de dezembro de 2011

50-50

De todos os valores possíveis, de todas as probabilidades contidas no intervalo [0,1] (que, por sinal, é denso), ninguém diria que há uma melhor que outra. Dirão que depende da situação. A de ganhar o Euromilhões é demasiado baixa, a de ter um acidente em casa é demasiado alta. Mas se queremos convencer-nos que vai correr bem, dizemos que a probabilidade de correr mal é muito baixa, e isso satisfaz-nos. Por outro lado, gostamos sempre de apregoar quando há uma grande probabilidade de sucesso.
É isto, gostamos de usar as probabilidades a nosso favor. A bem dizer, gozamos um bocado com elas. O seu uso matemático e objectivo é deturpado, torna-se numa ferramenta psicológica de auto-motivação.

Mas, voltando à vaca fria, sim, há uma pior que as outras. O tão aclamado meio termo, em probabilidade, é uma merda. 50-50. Tanto pode cair para um lado, como para o outro. "No meio está a virtude", sim, mas não aqui. Não quando se trata de um estudo clínico.

Não, não é Anatomia de Grey no miolo. É investigação. Ou cusquice. Como lhe quiserem chamar.

No mês em que fui a Francos (sim, fui a Francos e Francos não deixa ninguém ter sombra de dúvida de que está em Francos. Desde a Rua Direita à Rua Principal, passando pela Rua Particular e pela Rua Central, todas elas são "de Francos". Não fiquem margem para dúvida!), onde já não estava há uma carrada de anos, andei também a planear uma visita. Mas primeiro, Francos.

Uma manhã estranha, com tempo a mais. Ainda circulei lá na zona, mas não encontrei o que queria. Está tudo demasiado diferente. Desisti, recolhi. Isolei-me. De jornal e bolachinha Maria, lá me sentei num banquinho. E os outros foram chegando. Grupos de amigos que vieram juntos, alguns com as Mães. Bastante foleiro, achei eu. Estamos a falar de adultos ou quê? Mas vai daí, se me dessem também essa oportunidade, eu não a agarraria? Com unhas e dentes, com certeza. E talvez tivesse corrido melhor. Talvez. Talvez não tivesse ficado sozinha a ver todos aqueles que tiveram sucesso saírem abraçados a alguém, a comemorar. Talvez tivesse sido amparada. Ou melhor, talvez tivesse alguém a celebrar comigo. Mas não, não foi assim. Saí e fui procurar o meu caminho. Na, agora desconhecida, zona de Francos.

O tempo passa, tudo muda e ainda assim tudo está na mesma.

Ai Burocracia, a quando obrigas! Chegou uma carta. Dos seguros. Agora querem um papel. Um certificado. Começou aqui o planeamento da visita. Pelos vistos, tinha que ir ao IPO. Não queria ir sozinha mas também sabia perfeitamente quem eram as pessoas que não levava comigo. Entre aquelas que detestam hospitais e as que ficariam demasiado emocionais... Lá me decidi e acabou por ser a chave para não ter de lá ir. Isto, agradeço à Carmo. Um telefonema e fiquei esclarecida. Uma (estranhíssima, diga-se de passagem) ida à Avenida de França e, numa questão de horas, ficou "tudo resolvido".

Mas na minha investigação, tentando descobrir onde teria que ir, naveguei à deriva no site daquele sítio. Passei entre os departamentos e os serviços. Encontrei os estudos. Quatro. São neste momento quatro os estudos a decorrer aqui, tão perto, para tentar curar a LLC. E estão lançados os dados para eu começar a disparar hipóteses. "What if...?" E se aqui estivesses. E se entrasses num deles. E se conseguisses o remédio, e não o placebo. "E se a minha avó tivesse rodas era um camião", eu sei.

Esta divagação tem perna curta. Chegando à última pergunta, a estatística deita-me por terra. 50%. Os estudos são cegos. A determinação de remédio/placebo é aleatória.

E portanto, retrocedo. À irreversibilidade do tempo. Volta a mim o peso da solidão. A repetição de imagens que tenho gravadas e das outras que eu inventei. A avalanche de sons, cheiros, memórias, que me invade. Sinto em mim um retrocesso enorme. Quero deixar-me cair e não levantar mais.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011






E por mais lame que isto possa ser, gostava de, um dia, saber ser assim
Como tu