sexta-feira, 17 de novembro de 2006

À menina do diploma que tem um relógio igual ao meu.

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!
Mãe!
Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar.
Tenho sede!
Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me ao teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe!
Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe!
Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
A invenção do dia claro - Almada Negreiros
Não há dúvida que foi o melhor da festa! Não te esqueças de mim, que eu não me esqueço de ti. (=

2 comentários:

  1. Este texto faz-me lembrar qualquer coisa... o que será??? tu sabes!!!
    só não percebo o titulo mas tu é que sabes!!!
    No fim do texto diz para não me esqueçer de ti.. evidentemente que não me vou esqueçer.. Alguem tem dúvidas??? Não se deve esqueçer uma pessoa preciosa lol
    Bj isabelinha

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  2. Boa noite. Só agora entrei aqui e gostei do que li. E obrigada pela referência do texto. um beijo gd e bons textos. passo por cá mais vezes, fica a promessa.
    Benedita

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