quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Brincando aos Turistas!

14h17. Já estavam as três, mãe e filhas, à porta de casa. É verdade que o combinado era 14h30, mas já estavam prontas e não havia mais nada a fazer lá em cima. Pelo mesmo motivo, a amiga já se aproximava. As duas senhoras puseram-se à conversa (sobre a família, o tempo, as aulas…) e as miúdas continuaram as palhaçadas do costume.

Nenhuma delas aparenta a idade que tem. A mais nova é bem mais alta, pinta as unhas e está sempre a reclamar. Passa metade do tempo agarrada ao telemóvel, mensagens para a frente e para trás. Todos os dias (ás vezes várias vezes) escreve o seu "capítulo", como costumam dizer, a gozar, a mãe a irmã mais velha. Essa, que insiste em continuar a ser miúda. Gosta de mandar uma piada de vez em quando, para animar as hostes, e está quase sempre a cantar (o que enerva um bocado a caçulinha!) Quando não canta, é uma tagarela- aí é com os nervos da mãe que mexe! Estavam as duas a preparar-se para fazer uma corrida até à paragem de autocarro quando ouviram uma voz familiar atrás dela. Voltaram-se e viram o loirinho dos olhos brilhantes, que tão bem conhecem, a correr pelo passeio em direcção a elas. Atrás, ao lado da mãe, vinha a mais velha, segurando a mão da pequenina (que, por acaso, crescera imenso durante o Verão). Todos eles traziam a sua própria mochila às costas: bonés, óculos de Sol, garrafas de água – não faltava lá nada para uma tarde inesquecível!

Depois dos beijinhos, dirigiram-se à paragem de autocarro da rua de baixo. Passaram-se alguns minutos até que avistaram, parado no semáforo, o grande autocarro amarelo. Era “agora”, o momento por que esperavam, começava o passeio que planeavam desde já nem sabem quando. Subiram, pagaram e resolveram ir sentar-se no andar de cima. “Estamos em Setembro, já não há muitos turistas!”

Seguiram viagem. Passaram por vários sítios que já conheciam, mas mais parecia que era a primeira vez que lá passavam, tal a excitação. (E era. Pelo menos, daquele ponto de vista! ) Tiraram fotografias, acenaram a quem passava... Estava um dia excelente, e a companhia só ajudava!

Chegados à Ribeira resolveram "hop off". As águas tinham acabado e estavam a ficar com fome. Aliás, até precisavam de esticar as pernas! Deram uma voltinha até que encontraram um café. Não era o "Pinto" mas lá teria que servir! A pequenina pediu um croissant, os restantes quiseram gelados. Um SuperMaxi para o rapaz, um Cornetto de Chocolate para a irmã e um Magnum Double Caramel para cada uma das outras. As senhoras tomaram um café. Definitivamente, não se comparava com o "Pinto" e o croissant também não era DoceMar...

Quando acabaram, pagaram e resolveram ir para a paragem. O tempo não parava e ainda havia muito para ver... E mesmo que não houvesse, tinham que regressar ao ponto de partida!

Passados poucos minutos, avistaram o autocarro. Fizeram sinal para ele parar, e assim que as portas se abriram, saltaram lá para dentro. Voltaram a subir as escadas e foram instalar-se lá em cima. De facto, aquela perspectiva era lindíssima!

O autocarro deu umas voltas pela baixa. Viram S. Bento, a Avenida dos Aliados, a Torre dos Clérigos... Passados uns 25 minutos, estavam a descer a Boavista... Passaram perto das diversas escolas, e aí quase que se fez um minuto de silêncio... A perspectiva do regresso (tanto às aulas como a casa - sim, o percurso estava a chegar ao fim) não agradou a ninguém.


Aproveitaram os últimos minutos para tirar fotografias todos juntos, uns ao colo dos outros, sempre em grandes gargalhadas, para mostrar aos pais (e a todos os outros), mas só para isso! Porque, como é óbvio, eles nunca se esqueceriam daquele dia. O dia em que finalmente embarcaram no autocarro amarelo! O dia pelo qual ansiaram tanto tempo. Não, de facto, esse dia nunca seria esquecido.


Chegados ao ponto de partida, desembarcaram. Olharam à volta, como se estivessem perdidos. Era o sítio de tantos outros dias... Mas não podiam ficar lá, não naquele dia. Desceram até à beira da praia para um passeio. Apesar de ter sido uma grande dia, ninguém se sentia cansado nem, acima de tudo, com vontade de ir para casa.


Peço desculpa, mas não consigo concluir. Não consigo acabar o nosso dia. Não quero que acabe! Não quero regressar a casa! Não quero regressar à rotina. Quero ficar na praia, a ver o pôr do Sol. Quero voltar a entrar naquele autocarro para mais uma volta. Quero voltar ao princípio e fazer tudo outra vez. Só não quero que acabe!

1 comentário:

  1. Pois, na realidade (que triste palavra [!] ) esse dia nunca acabará e ainda irás recontar essa História sem final aos netos.

    Na verdade, são dias fantásticos passados com pessoas fantásticas que preenchem a tela da nossa vida com tons harmoniosos e singelos.

    Gosto bastante da vida, tal qual gosto bastante de tudo o que escreves, sentes e sonhas.


    Beijinho*~

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